quarta-feira, 20 de abril de 2011

Dia 19 de Abril, Dia do Índio e Exército Brasileiro, por José Tibiriçá Martins


Nota do Blog: 

O autor poderia ter registrado que 19 de abril é, também, o "Dia de Getúlio Vargas", pois o grande estadista, pai do trabalhismo brasileiro, nasceu no Rio Grande do Sul, em 19 de abril de 1882,  data que foi solemente comemorada, pela Câmara Municipal de São Borja, sua cidade natal, fato que repercutiu em todos os sites ligados ao Partido Democrático Trabalhista - PDT, fundado por Leonel Brizola, sendo depositário do ideal político de Vargas e de seus principais seguidores: Alberto Pasqualini, João Goulart e Leonel Brizola e Darcy Ribeiro (Edson Nogueira Paim escreveu).


É do teor seguinte, o artigo a que se refere o título acima:   
Nesta data, comemora-se duas datas importantes, o dia do Índio instituído pelo presidente Getúlio Vargas ao assinar o decreto-lei de 5.540, de 1943, tendo a participação do ilustre Índio Matogrossense, Marechal Candido da Silva Rondon na sua concretização. A partir da intervenção de Rondon, os Índios passaram a ser vistos sob outra ótica.

O índio não é incapaz, o que precisa é dar-lhe condições, como educação, ensinar-lhe uma profissão, integrá-lo na sociedade, dando-lhe independência para escolher o caminho que achar melhor, pois o que se vê hoje é muita exploração por parte de terceiros não interessados na sua emancipação, pois consequentemente acabaria a grante teta da Funani..

Estive na semana passada na Funai que hoje está funcionando na Avenida Marcelino Pires, em frente ao Ubiratã (madeira forte), tem boas acomodações, cujo prédio é alugado e por bom preço. O procurador que atendeu, um jovem baiano muito educado. Esta necessitando de informações para providenciar o registro de um índio desaldeado de nome Roberto que vive há muito tempo na Picadinha, nascido na fazenda Liberal, município de Caarapó (kaarapo=raiz da erva).
Lá antes, encontrei-me com o Dr Wilson de Matos Silva, filho do Sr Ataliba de Matos, filho de família pioneira de Douraados e de uma índia terena. Ele é advogado militante nessa comarca, reside na aldeia Jaguapiru (cachorro magro), homem inteligente, escreve bem e defende sua raça, é um mameluco, poisé filho de branco e índia. Conversamos sobre a localização do prédio da Funai, órgão que se diz destinado para resolver o problema indígena. Perguntei a ele, porque que o índio tem que vir de lá da Aldeia Bororó, Jaguapiru, Passo Saiju (amarelo), na beira do Rio Dourdos, onde na totalidade são quase 15.000 índios, fora os desaldeados. Ele não me deu uma resposta convincente, afinal é política do governo federal.


Por que a Funai não está instalada dentro da reserva? As terras da reserva indígena são da União, isso facilitaria ao índio, afinal ele seria atendido dentro do seu espaço no seu habitat,  seria mais fácil, pois muitos deles são pessoas carentes, existe lá muitos Karai = velhos que não têm condições de vir à cidade. É claro que alguns têm carro, não existe transporte coletivo para eles, afinal hoje a reserva de Dourados é um bairro urbano também com todos os problemas.
No órgão da funai local, existem 99,99999% de funcionários brancos, apenas um índia kaigangui ali trabalha, visto que a maioria está tomando o espaço do índio. Seria mais fácil o branco deslocar-se para trabalhar na reserva, pois o órgão dispõe de recursos.  Parece que a política implantada da Funai é temerosa, pois quando índio for integrado na sociedade vai ser extinto muito de muitos brancos que vêm de fora e não conhecem a realidade indígena. Disse ao procurador da Funai que um dos primeiros requisitos para se trabalhar na Funai seria seus funcionários falarem a língua do índio, no caso de Dourados o guarani-caiuá e terena. Ele ouviu, sorriu e ainda perguntei se na Bahia existiam muitos índios pataxós. Lembram-se daquele índio pataxó que foi queimado em Brasília? Um deles era filho de juiz, o que aconteceu com os carrascos? Ninguém falou mais nada. Assim os fatos acontecem, a globo divulga outros e o tempo passa e os bandidos ficam soltos, na porta dos Palácio dos Três Poderes. Vejam o que aconteceu com o cidadão que ateou fogo na Bandeira Brasileira. Onde está a segurança? Todo mundo depreda os órgãos, MST et caterva e quais são os resultados. Nenhum índio quebrou até hoje prédio público em Brasília.
O único ìndio bororo que se elegeu deputado federal pelo Rio de Janeiro pelo PDT, Juruna não se deixou corromper. Lembram-e no Colégio Eleitoral EM 1985, quando ele denunciou o deputado Paulo Salim Maluf, gravou em gravador a proposta de receber R$ 25.000,00 (vinte mil cruzeiros) pirapire, pelo voto? Era um verdadeiro pedetista da escola de Brizola e Darci Ribeiro, na época vice-governador que o conheci no manifesto em frente à Igreja Matriz por causa do assassinato do ìndio Marçal de Souza.
Maluf, desde que assumiu um cargo no governo, começando pela caixa econômica, antes de ser nomeado governador biônico de São Paulo, vem sendo denunciado, mas a população brasileira, a paulista principalmente é cega. Lembram-se quando ele foi candidato a presidente em 1989 e se dizia competente. Um outro candidato, no debate assim se expressou: sim és competente, compete, compete e não se elege a cargo executivo, apenas chegou a um, porque teve o dedo de alguém. Em São Paulo ele foi governador pela primeira vez, biônico porque conseguiu comprar os delegados  e vencer o banqueiro Paulo Setúbal, candidato indicado pelo Planalto.
Quem é corrupto? Ele não foi cassado, ainda conseguiu se reeleger por uma sociedade ainda corrupta do Estado de São Paulo.
Quanto a Rondon, ele nasceu na cidade de Mimoso, naquela época pertencia ao Município de Barão de Melgasso, Estado do Mato Grosso, em 5 de maio de 1865, ele é o patrono das comunicações. Seu pai era descendente de portugueses, sua mãe de Índio Bororo. Ao falecer seu pai, Rondon tinha 2 anos de idade; teve oportunidade de estudar, foi professor e depois ingressou no Regimento de Cavalaria em 1881, matriculando-se na Escola Militar do Rio de Janeiro. Foi indicado componente da Comissão Construtora das Linhas Telegráficas, explorando sertões do Mato Grosso, no ano de 1892, quando Rondon passou a cuidar dos direitos dos indios. Sua tese era esta: “Matar nunca, morrer se necessário”. Coordenou uma expedição às margens do Amazonas junto com Teodoro e Roosevelt no ano de 1913 e do ano de 1927 a 1930, foi responsável em inspecionar as fronteiras do Brasil do Oiapoque até a divisa da Argentina com o Uruguai. Foi criador do Serviço Nacional de Proteção aos Índios e foi elogiado em 1913 pelo Congresso das Raças em Londres, ressaltando que a obra de Rondon deveria ser imitada para honra da Civilização Mundial. Recebeu o título de Civilizador do Sertão, no ano de 1939 pelo IBGE, pelo trabalho realizado junto aos indios. Foi considerado grande chefe pelos indios silvícolas e pelos civilizados, Marechal de Paz. No ano de 1956 Rondon recebeu uma grande homenagem, dando-se ao Território do Guaporé o seu nome, que hoje é denominado Estado de Rondônia, tendo também muitos nomes em vários estados em sua homenagem. Faleceu  no dia 19 de janeiro do ano de 1958. Seu nome completo é Cândido Mariano da Silva Rondon, deixou muitos descendentes da família Rondon, espalhados por nosso Estado e Mato Grosso.

O dia 19 de abril também é o dia do Exército, visto que seu berço é  a cidade de Guararapes (estrondo dos tambores, do tupi uarará'pe. Uarará - espécie de tambor indígena; e Pe - no (local). ...). Ali nasceu o Exército Brasileiro, aconteceu a Batalha de Guararapes no dia 19 de Abril de 1648.

Nos idos de 1.600 Portugal, disputando o poder na Europa, mantinha na Colônia um mínimo efetivo militar. Era assim difícil defender o vasto litoral e o extenso território. Sua população era física, culturalmente diferenciada, era habitada por europeus, africanos, os nativos, descendentes e miscigenados. O açúcar já valia muito dinheiro, era ouro no Velho Mundo.

Do continente europeu veio uma empresa comercial, escoltada pelos holandeses, que conquistou Recife e ficou por mais de 20 anos em Pernambuco.

Os portugueses tinham uma pequena milícia,  a ela uniram-se as lideranças locais, sob o comando do escravo alforriado Henrique Dias, o chefe indígena Poti que significa em tupi-guarani também camarão e vários crustáceos e em guarani excremento, cocô. Felipe Camarão e o capitão Antonio Dias Cardoso e outros. Pela primeira vez, houve um pensamento de união na pátria, sendo o invasor holandês expulso de Pernambuco e dessa união de raças nascia a nacionalidade brasileira e com ela, o Exército Brasileiro.

Parabéns Exército Brasileiro e o Índio pelo seu dia.

Dourados-MS, 19 de  Abril de 2001.
José Tibiriçá Martins Ferreira, advogado e produtor rural na Picadinha

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Ney Ortiz, 47 anos depois do golpe: "Jango ia mudar o Brasil" (por Osvaldo Maneschy)

MAPI organiza debate sobre o 47° aniversário do golpe militar de 1964




 
“Não me arrependo de nada do que fiz e se tivesse que fazer tudo de novo pelo Brasil e pelo Presidente João Goulart, eu faria”, afirmou o ex-deputado gaúcho Ney Ortiz Borges, 87 anos, vice-líder do Governo João Goulart no Congresso Nacional, cassado e perseguido pelo golpe militar de 1964, em palestra nesta sexta-feira (31/3) na sede nacional da Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini, no Centro do Rio, promovida pelo Movimento de Aposentados, Pensionistas e Idosos do PDT (MAPI).  (Ney Ortiz (D) com Christopher Goulart (E), neto de Jango)
“Jango queria transformar as estruturas sociais do Brasil com as reformas de base, objetivo que perseguiu de todas as maneiras”, relatou Ortiz Borges, acrescentando que, a pedido dele,  viajou por todo o país -  pregando essas reformas.  Sobre o período conturbado disse ainda que se não tivesse ocorrido o golpe, hoje o Brasil já seria a maior potência do planeta.  “O golpe de 64 destruiu aquele projeto fantástico”, frisou.
HERANÇA
Emocionado, Ney Ortiz Borges passou às mãos de Maria José Latgé, presidente do MAPI, cópia de documento que lhe foi entregue pessoalmente, em 1964, pelo Presidente João Goulart, contendo uma síntese de 12 páginas do projeto das Reformas de Base, muito maior e extenso. Explicou que para ele é fundamental que “o projeto que pretendia passar o Brasil a limpo” seja conhecido pelas novas gerações. “Infelizmente não tivemos a alegria de implantá-las para melhorar a vida das pessoas porque veio o golpe, mas as reformas de base são atualíssimas e não podemos esquecê-las”, destacou.
Citou como exemplo a reforma agrária. “Jango, no Comício da Central, chegou a anunciar que desapropriara  as áreas contíguas às rodovias federais, dos dois lados, para assentar nelas trabalhadores rurais sem terra”, lembrou.
Ortiz Borges relatou que em 2001, a pedido do então presidente do PDT gaúcho, Matheus Schmidt, falecido ano passado, fez um levantamento de todas as realizações do Governo João Goulart.
Citou entre elas a criação da Eletrobrás, da Embratel; das usinas siderúrgicas Usiminas, Cosipa e Ferro e Aço de Vitória – que na sua opinião revolucionaram o setor; a criação das aposentadorias especiais para celetistas; a promulgação da Lei do 13° salário; o aperfeiçoamento da Lei da Remessa de Lucros; o fortalecimento da aplicação das Leis Trabalhistas de  Getúlio; e a mobilização nacional pelas reformas de base: a agrária, a urbana, a educacional, a fiscal, a bancária e a administrativa.  “O Governo de João Goulart caiu por causa disso”, garantiu.
Signatário da Carta de Lisboa de 1979, Ney Ortiz Borges participou do movimento para reorganizar PTB e depois o PDT, quando o TSE tirou a sigla de Brizola e a entregou a Yvete Vargas.  Ortiz Borges também passou às mãos de Maria José Latgé um papel amarelado pelo tempo contendo a lista dos componentes originais da 114ª. Zona Eleitoral de Porto Alegre, que organizou e presidiu a partir de 1981, que tinha na 11ª. posição, entre os fundadores, Dilma Roussef - atual presidente do Brasil.
Além do ex-parlamentar, o ato organizado pelo MAPI para recordar as lições que ficaram após os 47 anos do golpe militar, também contou com depoimentos de Trajano Ribeiro, primeiro palestrante;  Eduardo Chuahy, Capitão do Exército e oficial de Gabinete de Jango, na época; Eduardo Costa, ex-secretário de Saúde de Brizola, e líder da UNE em 1964; Leonel Brizola Neto, Vereador no Rio de Janeiro e o jornalista e escritor José Augusto Ribeiro, além do Vereador Jorge Mariola, de São Gonçalo, e do presidente da Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini, seção Rio de janeiro .
Trajano Ribeiro, também signatário da Carta de Lisboa, como Ney Ortiz, fez um relato sobre os antecedentes e a movimentação política que levou a deflagração do golpe militar de 64, do ponto de vista histórico, e as suas conseqüências  e implicações – detendo-se na trajetória política de João Goulart, o herdeiro político de Getúlio Vargas, do início de sua carreira política até ser deposto e, posteriormente, ser vítima da Operação Condor segundo relato de um agente da repressão preso no Uruguai.  Segundo Trajano, Jango foi morto por ordem da CIA.
No episódio da morte de Jango, Eduardo Costa pediu a palavra e lembrou que João Vicente Goulart, que não pode acompanhar o sepultamento do pai em São Borja, por estar no exterior; uma semana depois, em Porto Alegre, quase foi vítima da repressão ao final da missa de 7° dia do pai, quando cavalarianos da Brigada Militar receberam ordens de dissolver a multidão que saía da missa e João Vicente, na época ainda criança, quase foi atropelado pelos cavalos.
João Vicente Goulart foi o grande ausente da reunião, por não ter tido condições de se deslocar de Brasília, onde vive atualmente, para o Rio de Janeiro.
O Vereador Leonel Brizola Neto (PDT), outro orador,  fez questão de assinalar que ouvindo Ney, Trajano Ribeiro,  Eduardo Costa e Chuahy sentia a importância e o peso histórico da legenda do PDT.  “Sinto-me honrado de estar aqui, participando de tudo isto, ouvindo essas pessoas darem os seus depoimentos e lamento que não tenha aqui ninguém da direção nacional. Acho que precisamos discutir os rumos do PDT porque precisamos, mais do que nunca, retomar o fio da História”, disse.
Leonel Brizola Neto disse que não poderia deixar de lembrar, naquela reunião, a história de seu outro avô, Carlos Daudt, pai de sua mãe Nereida, oficial da Força Aérea Brasileira que, servindo na base aérea de Canoas, no episódio da Legalidade, não atendeu à ordem dos golpistas de bombardear o Palácio Piratini, onde estava Brizola e por isso foi perseguido.
 “Meu avô, por sua atitude patriótica em 61, foi preso e torturado em 1964 e proibido de fazer o que mais gostava na vida, voar”. Brizola Neto lembrou também que o seu avô, de rígida formação militar, acabou morrendo de Alzheimer depois de uma vida dificil.  “Meu avô sofreu muito e lembro que ele nunca conseguiu externar com palavras as torturas que sofreu porque ficava muito emocionado e se calava”, relatou Brizola Neto.
Até por conta do peso histórico das pessoas que militam no PDT, acrescentou o Vereador, o PDT não pode ter lideranças burocráticas e tem que estar permanentemente voltado para as suas bases, a sua história e a sua militância.
“Estou na política por causa dessa história de lutas”, confessou Leonel Brizola Neto.
A reunião, que começou às cinco da tarde, só terminou às nove da noite após vários dos presentes se manifestarem. Entre os presentes estava o ex-deputado Feliciano Araújo, um dos fundadores da Ala Moça do antigo PTB, onde desempenhou o cargo de Secretário Geral, enquanto Ney Ortiz Borges ocupava a presidência.
No debate, entre outros pontos, foram discutidas políticas públicas para as áreas da educação,  de segurança pública e da Juventude. Chuay e Eduardo Costa fizeram relatos sobre as relações do Governo Goulart com os estudantes, repassando episódios ocorridos, falando do peso que as organizações estudantis tinham na época, no âmbito do governo central. A participação do PDT no governo de Sérgio Cabral também foi abordada, como também a questão da Educação em horário integral.
Antes do término da reunião, Maria José Latgé apresentou aos presentes o N° 1 das “Cartilhas Trabalhistas” editadas pelo Mapi, esta sobre o Governo João Goulart, editada pela Nitpress,  com texto do jornalista José Augusto Ribeiro e vendida a R$ 5,00; e anunciou para junho o lançamento da Cartilha ° 2, sobre Leonel Brizola.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Carta testamento de Getulio Vargas



    "Mais uma vez, a forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes. 
 
    Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre.

    Não querem que o povo seja independente. Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos obrigados a ceder.

    Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo, que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.

    Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão.

    E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História." (Rio de Janeiro, 23/08/54 - Getúlio Vargas)


Getulio Vargas, o Robespirre brasileiro. Fernando Henrique, como Luiz XVI

Clique no seguinte LINK para ver a comparação:


http://www.culturabrasil.pro.br/fhc.htm

sábado, 2 de abril de 2011

A Era Vargas 1930-1945 segundo o Prof. Arnaldo F. Vieira

A Era Vargas 1930-1945

Jornalismo, Política e Ideologia – 2.º JN

REVOLUÇÃO DE 1930
Dá-se o nome de Revolução de 1930 ou Revolução de 30 ao movimento brasileiro que culminou com a deposição do presidente Washington Luís após o resultado das eleições de 1º de março de 1930 que haviam dado a vitória ao candidato governista Júlio Prestes. Getúlio Vargas tornou-se o chefe do Governo Provisório, dando fim ao período conhecido como República Velha e início a um período de 15 anos de exercício do poder.
A crise da República Velha havia-se agravado ao longo da década de 1920, ganhando visibilidade com a mobilização do operariado, com as Revoltas Tenentistas e as dissidências políticas que enfraqueceram as grandes oligarquias, ameaçando a estabilidade da tradicional aliança política entre os estados de São Paulo e Minas Gerais (a "Política do café com leite").
Em 1926, setores descontentes do Partido Republicano Paulista (PRP) fundaram o Partido Democrático (PD), que defendia um programa reformista de oposição. Mas o maior sinal do desgaste republicano era a superprodução cafeeira, alimentada pelo governo com constantes “valorizações” cambiais e generosos subsídios públicos.

Crise de 1929O ano de 1929 foi um ano marcante para o fim da República Velha. Além de viver uma campanha presidencial, o Brasil é atingido pela crise da quebra da Bolsa de Nova Iorque (Crise de 1929), que compromete o comércio mundial. Alegando defender os interesses da cafeicultura, o presidente Washington Luís, paulista, lança candidato à sua sucessão o governador de São Paulo, Júlio Prestes, do PRP. Ao indicar outro paulista, rompe com as regras da política do “café-com-leite”, pela qual mineiros e paulistas se alternam à frente do governo. Em represália, o Partido Republicano Mineiro (PRM) passa para a oposição, forma a Aliança Liberal com oligarquias de outros Estados e lança o gaúcho Getúlio Vargas para a presidência, tendo o paraibano João Pessoa como vice.

RebeliãoO programa da Aliança Liberal contém reivindicações básicas de forças democráticas de todo o país, como a defesa do voto secreto e da Justiça Eleitoral. Mas em março de 1930 seus candidatos perdem a eleição para a chapa oficial, formada por Júlio Prestes e pelo baiano Vital Soares. A oposição começa a se desmobilizar quando o quadro político é alterado em julho, com o assassinato de João Pessoa, em um crime passional. Os aliancistas atribuem motivos políticos ao crime, responsabilizam as oligarquias e deflagram uma rebelião político-militar.

Primeiros levantes
Chefiada por líderes aliancistas e tenentistas, a revolta é articulada entre o Sul e o Nordeste e tem o apoio de diversos Estados. Começa no Rio Grande do Sul em 3 de outubro, sob o comando de Getúlio Vargas, Osvaldo Aranha e Goes Monteiro. Em seguida irrompe no Norte e Nordeste, sob o comando do tenentista Juarez Távora. Sem encontrar resistências, colunas revolucionárias avançam sobre o Rio de Janeiro. Os ministros militares antecipam-se ao movimento e depõem Washington Luís em 24 de outubro.
No dia 3 de novembro, Getúlio chega ao Rio de Janeiro e assume a chefia do Governo Provisório. Nomeia interventores nos Estados, mas tem problemas para acomodar os interesses das forças que o apóiam, compostas por grupos oligárquicos, setores do empresariado industrial, classes médias e do tenentismo. Com poderes praticamente ilimitados, durante esse período, Vargas dá início à modernização do Estado, nomeando interventores para os Governos Estaduais e criando o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio e o Ministério da Educação e Saúde.
Em 19 de março de 1931, é editada a Lei de Sindicalização, tornando obrigatória a aprovação dos estatutos dos sindicatos pelo Ministério do Trabalho. Segundo seus críticos, Vargas pretendia assumir o controle do movimento operário nos moldes da Carta del Lavoro do fascista italiano Benito Mussolini.
Vargas objetivava com esta política trabalhista, favorável aos operários, conquistar o apoio das massas populares ao governo. Tal política foi taxada como paternalista por intelectuais de esquerda, que o acusavam de tentar anular a influência desta sobre o proletariado, desejando transformar a classe operária num setor sob seu controle, a ser usado no jogo do poder. Tal crítica suscita polêmica e intermináveis debates até os dias de hoje. Os defensores de Vargas contra-argumentam que em nenhum outro momento da história brasileira houve avanços comparáveis nos direitos dos trabalhadores. O expoente máximo dessa posição, e considerado também o último herdeiro político da Era Vargas, foi Leonel Brizola.

Conseqüências
Os efeitos da Revolução demoram a aparecer. A nova Constituição só é aprovada em 1934, depois de forte pressão social. Mas a estrutura do Estado brasileiro modifica-se profundamente depois de 1930, tornando-se mais ajustada às necessidades econômicas e sociais do país. O regime centralizador, por vezes autoritário, da era Vargas estimula a expansão das atividades urbanas e desloca o eixo produtivo da agricultura para a indústria, estabelecendo as bases da moderna economia brasileira.

REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932

AntecedentesNa primeira metade do século XX, o Estado de São Paulo sofreu um acelerado processo de industrialização e enriquecimento devido à cultura de café e à supremacia política deste estado resultante da política do café-com-leite
Em 1930 Getúlio Vargas assume o poder e põe fim à supremacia paulista na política nacional, além de suspender a Constituição de 1891 e nomear interventores para todos os Estados, com a exceção de Minas Gerais.
Sem mais o poder político, e enfrentando grave crise econômica devido à Grande Depressão de 1929, que derrubara os preços do café, a oligarquia paulista logo entra em conflito com Getúlio Vargas, que nomeia para São Paulo como interventor o coronel João Alberto de Barros, tido pelas oligarquias como "forasteiro e plebeu"

Causas
Em 1932 a irritação das oligarquias paulistas com Vargas não cede sequer com a nomeação de um paulista, Pedro de Toledo, como interventor do Estado e começa-se a tramar um movimento armado visando à derrubada de Vargas, sob a bandeira da proclamação de uma nova Constituição para o Brasil.
A morte de quatro jovens paulistanos (Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo) em 23 de maio de 1932 leva à união de diversos setores da sociedade paulista em torno do movimento de constitucionalização. Neste movimento, tanto se uniu a oligarquia que pretendia a volta da supremacia paulista no poder quanto segmentos que desejavam a implantação de uma verdadeira democracia no Brasil.
Em 9 de julho de 1932 a rebelião rebenta com os paulistas acreditando possuir o apoio de outros Estados, notadamente Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Mato Grosso, na derrubada de Getúlio Vargas.

O Movimento Armado
Os planos paulistas previam um rápido e fulminante movimento em direção ao Rio de Janeiro pelo Vale do Paraíba, com a retaguarda assegurada pelo apoio que seria dado pelos outros Estados.
Porém com a traição dos outros estados o plano imaginado por São Paulo não se concretizou: Rio Grande do Sul e Minas Gerais foram compelidos por Vargas a se manterem ao seu lado e a publicidade de pretensão separatista do movimento levou São Paulo a se ver sozinho, com o apoio de apenas algumas tropas mato-grossenses, contra o restante do Brasil.
Comandados por Pedro de Toledo, aclamado governador revolucionário, e o general Bertoldo Klinger as tropas paulistas se viram lutando em três grandes frentes: o Vale do Paraíba, o Sul Paulista e Leste Paulista.

Fim do conflito
Em meados de setembro, as condições de São Paulo eram precárias. O interior do estado era invadido paulatinamente pelas tropas de Vargas, capital paulista era ameaçada de ocupação, a economia de São Paulo, asfixiada pelo bloqueio do porto de Santos, sobrevivia de contribuições em ouro feitas por seus cidadãos e as tropas paulistas desertavam em números cada vez maiores.
Vendo que a derrota e ocupação do Estado era questão de tempo, as tropas da Força Pública Paulista se rendem primeiro no final de setembro. Com o colapso da defesa paulista, a liderança revoltista se rende em 2 de outubro de 1932 na cidade de Cruzeiro para as forças chefiadas por Góis de Monteiro

Conseqüências
Terminado o conflito, a liderança paulista se refugia no exílio, enquanto os paulistas computam oficialmente 634 mortos, embora estimativas extraoficiais falem em mais de 1000 mortos paulistas. Do lado federal, nunca foram liberadas estimativas de mortos e feridos. Foi o maior conflito militar da história brasileira no século XX.
A derrota militar achapante entretanto se transforma em vitória política. Ao ver seu governo em risco, Getúlio Vargas dá início ao processo de reconstitucionalização do país, levando à promulgação em 1934 de uma nova constituição.
O término do movimento paulista marcou o início do processo de democratização. Em 5 de maio de 1933 foram realizadas eleições para a Assembléia Nacional Constituinte, instalada em novembro do mesmo ano e responsável pela promulgação da nova Constituição em 16 de julho de 1934. Nesse mesmo mês o Congresso elege indiretamente Getúlio Vargas como Presidente da República.

O GOVERNO CONSTITUCIONAL (1934-1937)

Durante o período em que governa constitucionalmente o país, cresce a atuação da Ação Integralista Brasileira (AIB), de inspiração fascista, e surge a Aliança Nacional Libertadora (ANL), movimento polarizado pelo então denominado Partido Comunista do Brasil (PCB). O fechamento da ANL, determinado por Getúlio Vargas, bem como a prisão de alguns de seus partidários, precipita as conspirações que levam à Intentona Comunista de 1935, movimento que eclode no mês de novembro nas cidades de Natal, Recife e Rio de Janeiro.

ESTADO NOVO

Em 1937, quando se aguardavam as eleições presidenciais para janeiro de 1938, foi denunciado pelo governo a existência de um plano comunista para tomar o poder, conhecido como Plano Cohen (em que levantes comunistas seriam deflagrados para a instauração do regime, derrubando-se assim as liberdades constitucionais). Tal estratégia foi forjada no interior do próprio governo com o objetivo de criar um clima favorável ao golpe e posterior instauração do Estado Novo, fato ocorrido em 10 de novembro de 1937.
A partir daí, Getúlio Vargas determina o fechamento de Congresso e outorga uma nova Constituição, que lhe confere o controle dos poderes Legislativo e Judiciário. No início do mês seguinte, Vargas assina Decreto determinando o fechamento dos partidos políticos, inclusive a Ação Integralista Brasileira (AIB).
Entre 1937 e 1945, duração do Estado Novo, Getúlio Vargas dá continuidade à estruturação e profissionalização do Estado, orientando-se cada vez mais para a intervenção estatal na economia e para o nacionalismo econômico, provocando um forte impulso à industrialização. São criados, nesse período, o Conselho Nacional do Petróleo (CNP), o Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a Companhia Vale do Rio Doce, a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Usina de Paulo Afonso) e a Fábrica Nacional de Motores (FNM), dentre outros.
Diversas medidas fizeram-se necessárias para reprimir as oposições, tais como a nomeação de Interventores para os Estados e a censura aos meios de comunicação realizada pelo DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda). Tal órgão também cuidava de difundir a Ideologia do Estado Novo, arquitetando a propaganda do governo e exercendo o controle sobre a opinião pública.
Em 1943, Getúlio edita a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), garantindo a estabilidade do emprego depois de dez anos de serviço, descanso semanal, regulamentação do trabalho de menores, da mulher, do trabalho noturno e a fixação da jornada de trabalho em 8 horas de serviço.


O Brasil na 2.ª Guerra Mundial

Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, em 1939, Vargas mantém um posicionamento neutro até 1941, quando da assinatura do acordo entre Brasil e Estados Unidos, pelo qual o governo norte-americano se comprometeu a financiar a construção da primeira siderúrgica brasileira, em troca da permissão para a instalação de bases militares no Nordeste, mais especificamente em Natal. Getúlio também assinou um tratado para fornecer borracha natural da Amazônia aos Aliados.
Após o torpedeamento de navios brasileiros por submarinos alemães, em 1942, declara a guerra à Alemanha e à Itália. Em 28 de janeiro de 1943, Vargas e Franklin Roosevelt (Presidente dos EUA) participam da Conferência de Natal, onde ocorrem as primeiras tratativas que resultam na criação, em novembro, da Força Expedicionária Brasileira (FEB), cujo 1.° Escalão é enviado em julho de 1944 para combater na Itália. 
 
Em junho de 1945, Getúlio declara guerra ao Japão.
 
Com o término do conflito em 1945, as pressões em prol da redemocratização ficam mais fortes. Apesar de algumas medidas tomadas, como a definição de uma data para as eleições, a anistia, a liberdade de organização partidária e o compromisso de fazer eleger uma nova Assembléia Constituinte, Vargas é deposto em 29 de outubro de 1945 por um movimento militar liderado por Generais que compunham seu próprio ministério.
 
Afastado do poder, Getúlio Vargas retira-se à sua fazenda em São Borja, no Rio Grande do Sul. Apóia a candidatura do general Eurico Gaspar Dutra, seu ex-ministro da Guerra, à presidência da República. 
 
Nas eleições para a Assembléia Nacional Constituinte de 1946, Vargas é eleito Senador por dois Estados: Rio Grande do Sul, na legenda do Partido Social Democrático (PSD), e São Paulo, pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). 
 
Por esta legenda, é também eleito representante na Câmara dos Deputados por sete Estados: Rio Grande do Sul, São Paulo, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Paraná. 
 
Assume seu mandato no Senado como representante gaúcho, e exerce a legislatura durante o período 1946-1949.
 
Em 1949, Vargas volta ao poder. Através de eleição direta, é eleito para seu segundo mandato com mais da metade dos votos válidos. 
 
Assume o poder novamente, em 31 de janeiro de 1951. Em seu segundo mandato, enfrenta inúmeras situações de instabilidade política e dificuldades financeiras.