54 anos da controvertida e inesquecível morte de Vargas
Amanhã, 54 anos da controvertida e inesquecível morte de Vargas
Ninguém acreditava muito em Vargas. Expulso da Escola Militar Rio Pardo (Rio Grande do Sul), por causa de um acidente com morte, em Ouro Preto, mocíssimo, parecia inutilizado. Sem saída, de uma família da classe média alta, entrou para a Faculdade de Direito. Não acreditava ter qualquer vocação para a advocacia, e na verdade se formou e pronto.
Também parecia não gostar de política, ninguém percebia, mas estavam diante de um homem que, nascido em 1883, em 1937 (54 anos depois) se transformava no grande ditador do País. É bem verdade que desde 1930 até esse "Estado Novo" (muito pior do que a ditadura militar que começaria em 1968, antes era só preparação) já governava enganando a todos.
Agora que se discute o problema da anistia, é bom lembrar, registrar e ressaltar que não existe ditadura MILITAR ou ditadura CIVIL. Vargas, um civil, foi ditador com a colaboração de militares atraídos pelo Poder. E garantido por eles, representados pela marechal Dutra, 8 anos ministro da Guerra, chamado de "Condestável do Estado Novo".
Derrubada a ditadura do civil Vargas, assumiu o ex-ministro da Guerra, o marechal Dutra, que se notabilizou pelo respeito à Constituição. Como não podia deixar de acontecer, os principais cargos foram ocupados por civis. Veio a Constituição de 1946, cheia de erros, mas com aparente legitimidade, não conseguiu completar 18 anos. Atingiria a maioridade em agosto de 1964, foi assassinada em 1º de abril de 1964.
Seu assassinato teve a responsabilidade apenas de militares? Como já disse, isso não existe. 6 governadores, um ex-presidente e um presidente no Poder conspiravam. Como acontecera em 1889, os militares também conspiravam e chegaram ao Poder antes dos civis. Mas governaram com eles.
De 1964, passando pela autenticação da violência e do autoritarismo, os CIVIS foram colaboradores (ou colaboracionistas, como na França da Segunda Guerra Mundial) desses MILITARES. E muitos dos CIVIS ainda estão vivos e dominando o Poder. Que longevidade.
De madíocre a iluminado, em 54 anos de existência e governando d-i-t-a-t-o-r-i-a-l-m-e-n-t-e, completando 54 anos a partir do nascimento. Me obriga agora, 54 anos depois de sua morte, a voltar ao tema. Mas são tantas as versões, que não posso contar (nem mesmo reduzir) todas.
A República nasceu militar, militarista e militarizada. Os Abolicionistas (já vitoriosos) e os Propagandistas da República (que se julgavam vitoriosos) foram ultrapassados pelos dois marechais que vieram "irreconciliáveis" da estranha Guerra do Paraguai.
Uma semana antes, conversaram com o primeiro-ministro Ouro Preto e disseram: "Estamos solidários com o imperador, haja o que houver". Ficaram contra o imperador assim que vislumbraram, que palavra, a proximidade do Poder. E superaram os civis, os dois marechais se guerreando, um tentando derrubar o outro. E conseguiam. Getúlio entrou na "Revolução" de 30 com muita dificuldade, só aceitou mesmo quando seu vice (João Pessoa, derrotado com ele) foi assassinado. Tomou o Poder. E aqueles Tenentes idealistas de 1922, 24, 26, 27, 28, em 30 chegaram ao Poder, e cumpriram em toda a dimensão o conceito: "Não há ninguém mais conservador do que um revolucionário no Poder".
Dividiram o Brasil em "capitanias hereditárias", não deixaram mais o governo. E eram ecléticos. Estavam com Vargas no Estado Novo, ficaram contra ele no fim desse Estado Novo. Quando Vargas foi eleito pela primeira vez em 1945, quase não tomava posse, por causa de uma conspiração de militares, liderados por Carlos Lacerda. Vargas precisou nomear ministro da Guerra o general Estilac Leal, que era presidente do Clube Militar.
Depois veio 1952, 1953 e finalmente 1954, cada lado vencendo uma vez. Sua morte, a crise de 1955 (e os dois golpes do 11 de novembro), 1956, 1961, terminando em 1968.
PS - Hoje 23, véspera da morte de Vargas, começo. Amanhã, domingo, segunda, o dia seguinte da morte de Vargas, termino penosamente, com versões irreais ou reais de mais.
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